História do fabrico do queijo

Já no século XIV o queijo fabricado na Serra da Estrela era tido por um dos melhores do Reino. Gil Vicente, no XVI, reforça a nota quando “recomenda” aos habitantes de Seia o envio de queijo como parte do presente a oferecer pela Beira à rainha D. Catarina, mulher de D. João III, por ocasião do nascimento, em Coimbra, de um seu filho varão. Mas o facto incontroverso é que até ao século XIX, salvo uma ou outra ordenança real e exceção feita a raros conhecedores, ninguém se incomodou verdadeiramente com pastores e queijos, não passando este produto, sobretudo, de alimento para quem o produzia e meio de pagamento no tocante a rendas.

O interesse pelo queijo Serra da Estrela nasce em meio urbano e, à medida que o gosto se refina e as finanças dos interessados o permitem, a procura acentua-se e a atenção dos técnicos torna-se mais evidente. Em 1906, o veterinário João da Motta Prego, homem sabedor do ofício, já escreve ser “ incontestavelmente a Serra da Estrela a região portuguesa que produz os melhores queijos: esses grandes queijos moles que aparecem no nosso mercado, envolvidos numa tira de pano que segura a massa fina e untuosa, impedindo-a de alastrar e escorrer, gretando a crosta de um branco amarelo e apetitoso.”

Imagens do processo de produção de queijo artesanal: leite sendo colocado em uma bacia, feno e cesta de vime, queijo fresco sendo moldado, pano de algodão cobrindo o queijo, mão apertando o queijo na massa, queijo sendo escorrido, queijo sendo moldado com uma armação metálica, e um forno antigo para defumação do queijo.
Processo de fabricação de queijo, incluindo manipulação de leite, moldagem, e embalagem em fábrica de laticínios.

O queijar pratica-se, tradicionalmente, entre o Outono e a Primavera e está muito dependente das condições ambientais. O ato implicou, desde sempre, um certo saber, a “mão” de quem queija, condição de sucesso para uma operação que, em termo de meios elementares, ainda hoje faz intervir, para além do leite, o fogo, o ar, o cardo, o sal e a força física.

O queijo de maioral – “queijo feito na montanha, nas regiões mais altas, pelos maiorais e seus ajudantes (...) sem cuidado nem asseio, sujeita a fabricação a todas as variabilidades de temperatura e de grau higrométrico”, no dizer de Motta Prego – já não faz parte da história, mas o de “meia-encosta” – “fabricado (…) em Oliveira do Hospital, em Santa Maria, na bacia de São Romão, etc., enquanto os rebanhos permanecem nas pastagens baixas, conservando as ovelhas a sua maior produção leiteira (...)” – continua a fazer as nossas delícias.

A Origem do Queijo associada a uma qualidade referenciada é hoje garantida por via do uso da DOP- Denominação de Origem Protegida. A garantia de autenticidade do Queijo Serra da Estrela DOP é patente na sua rotulagem pela presença dos seguintes elementos simbólicos.

Imagem com informações sobre como identificar um verdadeiro queijo Serra da Estrela, incluindo símbolo de origem protegida, holograma da Casa da Moeda e número de série da marca de caseína.